por António Mendes Curado, Coimbra, 2008-08-09
Estes selos da República da África do Sul, emitidos em 1960 e 1961 com valores diferentes depois de ser adoptado o sistema decimal, nada tem a ver com o jogo do xadrez. No entanto, as figuras representadas são parecidas com: Tarrasch, Blackburne, Smyslov, Botvinnik, Capablanca, e Leonard Barden. As figuras retratadas são antigos primeiros-ministros da Africa do Sul e o último do lado direito é Hendrik Verwoerd. Vem isto a propósito de ter visto numa exposição de selos de xadrez, já lá vão uns anos, onde foi incluído um selo sobre determinada personagem famosa com o seguinte comentário: "– personagem famosa que não sabia jogar xadrez." Mas personagem deste selo da Mongólia, sabia e foi uma das melhores…
Este selo da Mongólia, de 1986, dedicada ao Campeão do Mundo de Xadrez, reproduz a imagem do 4º Campeão - Alexandre Alekhine, e a posição de uma partida sua, jogada em Baden Baden em 1925 contra Richard Reti, ( 28-05-1889, 06-06-1929). O selo tem um erro ( lance 40... Cd4), o peão que se encontra em h7 deve estar em f7.
Reti, jogador austro-húngaro nascido em Pezinok e mais tarde de nacionalidade Checoslováquia, morreu em Praga, de escarlatina. Ligado ao seu nome, a Abertura Reti ainda hoje é famosa 1. Cf3 d5 2. c4 Kasparov considera esta partida um verdadeiro diamante, mesmo uma das mais brilhantes da história do xadrez e que conquistou o coração de milhões. Alekine considerou esta partida uma das melhores da sua carreira. Por curiosidade não recebeu qualquer prémio de beleza, porque nesse torneio não havia prémio de beleza. Notas: 1 - Informações retiradas do livro de Garry Kasparov, Os Meus Grandes Predecessores, volume I, Editora SOLIS, SP Brasil, versão em português, 2004. ISBN 85-98628-01-08
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No fim-de-semana passado, os torneios online criados pela AXL tanto na plataforma lichess.org como no chess.com tiveram uma participação inferior ao que vinha a ser habitual. Talvez porque as aulas nas escolas já arrancaram e estávamos todos mais ocupados com esse início, ou simplesmente porque há mais oferta destes torneios e os participantes dispersaram por diferentes provas. Seja como for, o resultado foi que as rondas que estavam previstas para os torneios suíços no chess.com não foram todas realizadas e estes terminaram antes do previsto. Neste site, quando os torneios não têm um número de participantes suficientes, estes não iniciam ou têm um número de rondas inferior ao marcado. É um automatismo no qual não temos qualquer influência. Assim, o torneio de sexta-feira estava previsto ter 13 rondas e terminou depois da 3ª tendo ficado em primeiro lugar informator69. O de Domingo, estava previsto ter 6 rondas e terminou depois da 4ª, tendo ficado em primeiro lugar RRMaster. Nas Arenas no Lichess no sábado, a participação reduzida não influenciou o decorrer normal do que estava previsto. Saiu vencedor da primeira arena, RRMaster, e da segunda arena, alexalexalek.
Tirando isso, achamos que vale a pena continuar a organizar estes eventos, mesmo que a participação varie, e em diferentes ritmos de jogo para diferentes vontades. Aqui ficam os próximos eventos: 4º Suíço de Rápidas AXLisboa - chess.com 6ª feira, 24 de Abril Início: 22h Sistema: Suíço de 13 rondas Ritmo de jogo: 3'/KO Inscrições: https://www.chess.com/live#t=1201965 I Arena da Liberdade - lichess.org Sábado, 25 de Abril Início: 15h Fim: 16h30 Sistema: Arena Ritmo de jogo: 3' + 2'' Inscrições: https://lichess.org/tournament/hc6YxSKn Senha: axlisboa II Arena da Liberdade - lichess.org Sábado, 25 de Abril Início: 16h45 Fim: 18h45 Sistema: Arena Ritmo de jogo: 10'/KO Inscrições: https://lichess.org/tournament/Mo9d7NQC Senha: axlisboa II Suíço de Semi-rápidas AXL - chess.com Domingo, 26 de Abril Início: 15h Sistema: Suíço de 6 rondas Ritmo de jogo: 15'/KO Inscrições: https://www.chess.com/live#t=1201982
por João Palhares
Jacques Pierre Louis Rivette foi um dos grandes vultos da Nouvelle Vague, ajudou a cimentar as ideias de “mise en scène” e de “autor” no cinema com os seus textos seminais sobre Howard Hawks, Roberto Rossellini e Kenji Mizoguchi nos Cahiers du Cinéma, preparando assim o palco para a tomada de posse da sua geração, quase todos críticos da revista. De resto, não foi por acaso que escreveu em 1951 que “a única crítica verdadeira a um filme só pode ser outro filme”, como que para admitir que o único passo seguinte possível para si e para os seus colegas era a realização. Jean-Luc Godard, François Truffaut, Claude Chabrol, Jacques Doniol-Valcroze, Charles Bitsch, até Jean-Marie Straub... Participam todos em Le Coup du Berger (1956). Coup du Berger é o chamado “Mate do Pastor”, que terá ganhado o seu nome quando um rei encontrou um pastor na montanha e o desafiou para um jogo de xadrez. Caso perdesse, seria decapitado, e se ganhasse era declarado rei dessa montanha. Ganhou a partida em quatro jogadas e ficou com a montanha. Qualquer jogo requer um equilíbrio difícil entre a cautela e a confiança, entre o respeito e a subestimação pelo adversário. Se vai tudo para um lado, sabotamo-nos a nós próprios, se vai tudo para o outro, sucumbimos à pressão e passamos vergonhas. É como tudo na vida, quase apetece dizer. Em Le Coup du Berger, que mostra o mate do título durante os créditos iniciais, e tem um comentário em off a comparar os esquemas de um marido e de uma mulher a jogadas de xadrez, Rivette parece subverter a máxima popular de que quando se tem azar ao jogo se tem sorte no amor, dizendo-nos em vez disso que tudo está relacionado. Só se pode supor se o realizador francês era ou não um aficionado do xadrez. Mas sabendo da sua grande admiração por Fritz Lang ou Otto Preminger, generais e estrategas autênticos nas suas rodagens, apreciando as viagens lúdicas de Juliet Berto e Dominique Labourier em Céline et Julie Vont en Bateau (1974) e tendo sobretudo em conta esse filme diabólico e extraordinário que é Não Toque no Machado (2007), em que Jeanne Balibar e Guillaume Depardieu avançam e recuam como na guerra nos seus jogos de sedução, torna-se fácil adivinhar a resposta. Le Coup du Berger será então a confirmação. Vaga adaptação de uma história de Roald Dahl, Mrs. Bixby and the Colonel's Coat, filmada também por Alfred Hitchcock para a sua série de televisão Alfred Hitchcock Apresenta, a quarta curta-metragem de Rivette tem no seu centro um casal só aparentemente feliz. A mulher está a ter um caso e passa a primeira parte do filme a tentar arranjar um esquema para justificar ao marido um casaco de peles que o amante lhe quer oferecer. Consegue fazê-lo arranjando a desculpa de um recibo perdido de bagagem. Só que as coisas não correm como estava à espera. Mas não convém revelar desenlaces. Peão branco para E4, peão preto para E5. Começa o jogo, espelham-se as jogadas. “O que é que ele sabe? O que é que vou poder fazer?”. Cavalo branco para C3, bispo preto para C5. Cada um segue pelo seu caminho com peças diferentes. “Vamos arriscar o esquema do recibo.” Peão branco para G3, Dama preta para F6. “Enganaste-te na mala”, diz ela. Bispo branco para G2, Dama preta para F2. “Merda.” Toma-lhe o peão, xeque-mate. Mate em quatro jogadas com as pretas, ainda por cima. Humilhação a dobrar. Bom, pelo menos não é um “Mate do Louco”. Enfim, nunca é boa ideia ceder aos impulsos e arriscar tudo durante uma partida de xadrez, ou de bilhar ou de póquer, sem saber o que está em jogo. E tudo são provas de resistência e de auto-controlo. É lembrar os treinadores de bancada irritados com os defesas que gostam de atacar as canelas dos adversários quando são provocados, “Usa a cabeça, pá!”. Aqui ficam os resultados dos torneios que decorreram este fim-de-semana passado. No domingo, por um erro na configuração do torneio, este acabou por não se realizar. Pedimos desculpa pelo ocorrido e esperemos que não volte acontecer... mas errare hé umano!...
Abaixo ficam os torneios criados para este fim-de-semana. Divirtam-se! 3º Rápidas AXLisboa Torneio - chess.com 6ª feira, 17 de Abril Início: 22h Sistema: Suíço de 13 rondas Ritmo de jogo: 3'/KO Inscrições: https://www.chess.com/live#t=1192720 V Sábado de Rápidas da AXL Arena - lichess.org Sábado, 18 de Abril Início: 15h Fim: 16h30 Sistema: Arena Ritmo de jogo: 3' + 2'' Inscrições: https://lichess.org/tournament/TPPeR5wq Senha: axlisboa V Sábado de Semi-rápidas AXL Arena - lichess.org Sábado, 18 de Abril Início: 16h45 Fim: 18h45 Sistema: Arena Ritmo de jogo: 10'/KO Inscrições: https://lichess.org/tournament/aUy8HMxJ Senha: axlisboa I Domingo de Semi-rápidas AXL - chess.com Domingo, 19 de Abril Início: 15h Sistema: Suíço de 6 rondas Ritmo de jogo: 15'/KO Inscrições: https://www.chess.com/live#t=1192728
por António Mendes Curado, Coimbra, 2008-07-13
Num passado distante, Portugal ingressou nos anais enxadristicos[1] graças ao trabalho pioneiro realizado pelo boticário Pedro Damião. Nascido na segunda metade do século XV, na localidade de Odemira, pertencente à província lusitana de Alentejo, esse personagem quase lendário, mais conhecido pela denominação italiana de Pietro Damiano[2], saiu do anonimato para as páginas da história do xadrez, em decorrência do lançamento em Roma, no ano de 1512, da obra de sua autoria intitulada Questro libro e da imparare giocare a scachi et de le partiti ("Este livro é de aprender a jogar xadrez e ler partidas").[3] Escrito em italiano e espanhol, contendo aberturas, finais, problemas, partidas e até mesmo recomendações estratégicas e táticas – este livro mereceu o reconhecimento dos principais estadistas da época, sobressaindo pelo seu ineditismo e valor didático. Há muitos anos, figura entre as mais cobiçadas raridades enxadristicas, constando existir apenas um exemplar na biblioteca Queriniana de Bréscia, na Itália. Já nos dias atuais, a pátria de Damiano aparece novamente reivindicando a paternidade de uma interessante contribuição teórica. Com base nos lances iniciais 1.e4 e5 2.Bb5!?, uma plêiade de jogadores portugueses efectuou um obstinado trabalho de pesquisa, compreendendo a sistematização dessa curiosa variante e culminando em 1990 com a edição do livro "A Abertura Portuguesa", elaborada a quatro mãos por António Ferreira e Pedro Paulo Sampaio. Sem pretender tirar o brilho de tão louvável iniciativa, mas movido unicamente pelo intuito de estabelecer a real origem desta inusitada ideia, empreendemos uma viagem no túnel do tempo e encontramos na vetusta revista alemã Deutsche Schachzeitung, em seu número de Fevereiro de 1904, a transcrição de uma partida jogada em 20.01.1904, no Campeonato do Clube de Xadrez de Viana, entre Carlos Schlechter x Ricardo Teichmann, com o seguinte comentário elucidativo referente ao lance 2 Bb5: Naturlich von Alapin vorgeschlagen; Weiss beabsichtigte, even. Se2 nebst f4 zu spilen (Naturalmente, uma continuação devida a Alapin; as Brancas planeiam jogar eventualmente Ce2, seguido de f4”). Diante desta constatação, verifica-se que a glória de ter idealizado a continuação-chave 2.b5!? Cabe ao teórico e mestre russo Simão Alapin (1856-1923), enquanto que os méritos do estudo, prática e divulgação dessa interessante linha de jogo pertencem aos engenhosos xadrezistas lusitanos. Uma prova evidente disso é a seguinte partida disputada entre o mestre português Rui Dâmaso d’Almeida e o seu colega brasileiro Herman Clausdius van Riemsdijk, por ocasião do Torneio Internacional do Clube de Xadrez São Paulo, em maio de 1989. Notas: [1] A presente transcrição segue na íntegra, o texto em português do Brasil. [2] Pietro Damiano arcebispo de Óstia, que em 1061 numa carta dirigida ao Papa Alexandre II condenou os eclesiásticos nomeadamente o Bispo de Florença por jogarem xadrez e este ser considerado um jogo de azar, muitas vezes confundido com o autor Damiano Portugese. [3] LIVRO PARA APRENDER A JOGAR XADREZ, edição CAMPO DAS LETRAS, Introdução e tradução de Nuno Sá, 2008 – ISBN 978-989-625-298-4 Referências: 1. Introdução retirada do livro de Ronaldo Câmara, “NO MUNDO DOS TRABELHOS” edição de 1996, UFC CASA DE JOSÉ DE ALECAR PROGRAMA EDITORIAL. 2. LIVRO PARA APRENDER A JOGAR XADREZ, edição CAMPO DAS LETRAS, Introdução e tradução de Nuno Sá, 2008 – ISBN 978-989-625-298-4 Tal como vem sendo habitual, a AXL organiza este fim-de-semana uma série de torneios online. Desta vez, para além do lichess.org, vamos usar também o chess.com. Para participar nos torneios suíços do site chess.com, é necessário ter uma conta lá e aderir ao clube Associação de Xadrez de Lisboa. Depois disso terão acesso aos torneios cujos links encontram abaixo e nos quais se terão de registar para poderem entrar. Podem começar a registar-se nos torneios apenas 1 hora antes destes iniciarem Para participar nas arenas do lichess.org, é também necessário ter uma conta neste site, basta seguir os links abaixo. 2º Rápidas AXLisboa Torneio - chess.com 6ª feira Início: 22h Sistema: Suíço de 11 rondas Ritmo de jogo: 3'/KO Inscrições: https://www.chess.com/live#t=1183649 IV Sábado de Rápidas da AXL Arena - lichess.org Sábado Início: 15h Fim: 16h30 Sistema: Arena Ritmo de jogo: 3' + 2'' Inscrições: https://lichess.org/tournament/XAWthmNW Senha: axlisboa IV Sábado de Semi-rápidas AXL Arena - lichess.org Sábado Início: 16h45 Fim: 18h45 Sistema: Arena Ritmo de jogo: 10'/KO Inscrições: https://lichess.org/tournament/woEJrY4f Senha: axlisboa I Domingo de Semi-rápidas AXL - chess.com
Domingo Início: 15h Sistema: Suíço de 6 rondas Ritmo de jogo: 15'/KO Inscrições: https://www.chess.com/live#t=1184555 Aqui ficam os resultados das 5 arenas que decorreram este fim-de-semana no Lichess. Parabéns aos vencedores! Este próximo fim-de-semana haverá mais, e desta vez iremos experimentar o chess.com. Portanto, quem não tiver conta pode criar já uma, que é inteiramente gratuita, tal como no lichess, e pedir para aderir à equipa/clube "Associação de Xadrez de Lisboa".
Por Tiago Galvão Lucas
Pediram-me que escrevesse, de forma regular, textos sobre filmes que ligassem o cinema e o xadrez. Mais do que uma pessoa me sugeriu um filme que nunca vi, não interessa para aqui qual, e tendo em conta o filme que imediatamente me apareceu, deram-me a entender que lhes parecia uma escolha forçada, a minha, ou que não era bem isso o pretendido. Cabe a mim neste texto justificar o porquê da escolha. O filme é O Padrinho, de 1972, realizado por Francis Ford Coppola, com argumento deste e de Mario Puzzo (este último também autor do romance homónimo). Não há nenhuma referência a xadrez no texto do guião, não me lembro de aparecer no fundo (pode-me ter, contudo, escapado), mas é de xadrez e xadrezistas do que o filme trata. O xadrez é um jogo que se joga com peças num tabuleiro. Com peças humanas, não deixa de ser xadrez. N’O Padrinho, as vitórias e as derrotas pagam-se com a vida, dependendo das partidas. Mas não sentirá um grande xadrezista também, como se morresse um pouco, ao perder ou empatar um jogo?, dependendo da importância dele. Talvez haja quem considere isto demasiado. Perguntem então ao Kasparov o que ele sentiu quando empatou com o Carlsen, quando este tinha apenas 13 anos. Quanto ao filme. Começa com o casamento da filha do Grande Mestre (GM), Don Corleone. Este, numa sala longe da azáfama, pouco iluminada e a favorecer a reflexão, recebe vários pedidos para demonstrar as suas habilidades (uma simultânea) em troca de favores. Em causa não está a dificuldade dos jogos. Afinal, trata-se de, no primeiro caso, um xeque pastor, e, no segundo, depois de uma ameaça infantil do adversário, um matezito simples com sacrifício de cavalo, como veremos mais tarde. O GM está quase retirado dos grandes palcos, aborrecido com aqueles joguitos e parece que há muito tempo que só faz jogos deste calibre. Está destreinado para os grandes jogos.
Lá fora, ocorre o grande casamento e Michael, o filho mais novo do GM, está com a namorada, Kay. Ele sabe tudo sobre o jogo. Sentado, sem grande emoção, conta a Kay sobre um jogo em que, a dada altura, há uma oferta de peça recusada que depois se desenvolve numa desistência, já que o desfecho era óbvio. “He made him a offer he couldn’t refuse”: uma torre que entra em cena (Luca Brazzi) a posicionar-se, e até um leigo percebe que não tem defesa. Mas Michael desvaloriza o xadrez. Não é coisa para ele. “That’s my family, Kay. It’s not me”. Será?
Michael é o filho mais novo e o melhor aprendiz. O pai quer que ele entre no xadrez político. Michael não sabe o que quer, embora a toda a hora se veja nele uma ânsia de jogar o jogo do pai. E é quando o pai se descuida (com a idade qualquer jogador de xadrez perde qualidades) que Michael entra em cena, que Michael começa a viver. Primeiro há uma reunião com um adversário perigoso em que Sonny revela o pensamento das próximas jogadas do pai (“Never tell anybody outside the family what you’re thinking again”). O jogo evolui rápido. A torre de Don Corleone é tomada e o rei (no xadrez não somos sempre nós próprios o rei?) posto em xeque. Será mate? Quando o pai está no hospital desprotegido, Michael acorre a um jogo que parecia perdido e consegue um xeque perpétuo: empate. Parece. Mas não lhe é suficiente. A honra da família está em risco. E Michael vê o impossível. O adversário descuida-se num jogo que está ganho para ele e Michael consegue, num restaurante e a jogar de pretas, uma reviravolta. Brilhante. A sobranceria do adversário jogou a seu favor.
Vai para a Sicília. Apaixona-se. Oh, como se apaixona! E é lá que morre. E é assim, ao morrer, que estão reunidas as condições para se tornar num grande xadrezista, já que ser-se maquinal é o ideal para se ser um grande jogador (mas alguém consegue ganhar às máquinas?).
Sonny é um jogador intempestivo. Rapidamente perde a vida. Com isso, é permitido a Michael voltar e pai e filho preparam as próximas jogadas. Estão em sintonia. Agora estão a jogar de brancas, embora os outros ajam como se não. Antes de morrer, Don Corleone dá a Michael uma ideia de como será o ataque das pretas, displicente da posição das brancas.
Acima, está o mate indefensável em oito jogadas de Michael. Neste fragmento do filme aqui deixado, só falta a oitava jogada, o movimento do acertar de contas com o cunhado de Michael, responsável pelo assassinato de Sonny. Mas sabem que mais? O jogo já estava ganho. O tempo dedicado a esse movimento indica que o rei já estava encurralado, como se a jogada nunca se tivesse feito, como se o jogo tivesse ficado por ali por desistência. Contudo, Michael tinha de pegar na peça, Michael tinha de pronunciar xeque-mate.
No fim do filme, vemos a consagração de Michael como GM, quando lhe beijam a mão, em veneração. Kay, mãe dos seus filhos, assiste ao momento e confirma que Michael tomou o lugar do pai. A porta fecha-se. Um ciclo terminou, um novo começa. por António Mendes Curado
Recebi de um amigo, jogador de xadrez por correspondência, uma das mais belas peças filatélicas do tema xadrez. Nos dias que correm, jogar xadrez por correspondência é acima de tudo um acto de muita coragem e perseverança. Por um lado, há bons programas de xadrez capaz de bater muitos Grandes Mestres, por outro, há a esperança de que se está a jogar com alguém que à partida, utiliza as mesmas armas e não um sofisticado programa informático. Mas por vezes temos boas surpresas. As amizades, os estudos das aberturas, os contactos e as cartas circuladas, justificam essa coragem. Foi o que aconteceu. Nas cartas do meu amigo apareceram selos de xadrez vindos da Hungria. Tratei logo de solicitar alguns exemplares e qual não foi a surpresa ao receber esta maravilhosa peça filatélica composta por 64 selos de 50 HUF, que representam um tabuleiro de xadrez, com as peças numa determinada posição que mais não é do que a “Defesa Húngara”, da abertura italiana, jogada pela primeira vez por correspondência, entre uma selecção da França e da Hungria, entre 1842-1845 e que redundou numa vitória, para a Hungria, nas duas partidas jogadas. Cada um dos selos tem uma inscrição microscópica, de 1600 caracteres, que lida de um modo correcto, horizontalmente, desde a8 até h1, relata os principais acontecimentos e menciona as mais influentes personalidades da História do Xadrez da Hungria. Os selos foram postos em circulação em 24 de Setembro de 2004 e por incrível que pareça ainda não vieram mencionados em nenhuma das revistas filatélicas que conheço assim como em nenhuma revista dedicada à temática de xadrez. Coimbra, 2005-04-18 Tendo em conta a participação que estes torneios tem tido, faz sentido continuar a organizá-los. Sexta-feira e Sábado, dias 3 e 4 de Abril, teremos 4 arenas semelhantes às deste fim-de-semana, mas no Domingo vamos experimentar uma arena com mais tempo de jogo e duração global. Vejamos como corre. Alguma informação importante:
No modo Arena, o emparceiramento é feito automaticamente e só há curtas pausas de espera entre jogos. Isto é, não se espera que todos os jogos terminem para iniciar uma ronda seguinte. No inicio do torneio, os jogadores são emparceirados com base na sua pontuação (Elo). Assim que que um jogo termina e se regressa à sala de espera, o sistema emparceira jogadores com base no número de pontos de torneio. Isto garante o mínimo tempo de espera, mas significa que não se jogará com todos os jogadores do torneio e poderá mesmo jogar-se com o mesmo jogador mais do que uma vez. Significa também que haverá jogadores que tenham jogado mais vezes do que outros. Uma vitória tem uma pontuação base de 2 pontos e um empate de 1 ponto. Duas vitórias consecutivas atribuirão o dobro dos pontos nos jogos seguintes, até se empatar ou perder. Isto é, uma vitória valerá 4 pontos e um empate 2 pontos. É possível dobrar o valor de um jogo se no início se seleccionar o modo frenético o que fará também com que se jogue com metade do tempo inicial... No final do tempo do torneio, o jogador com mais pontos será declarado vencedor. Entre cada dois jogos é possível pausar o torneio para não se ser emparceirado. Para retomar, é necessário inserir novamente a senha de acesso ao torneio. Existe um tempo limite para a primeira jogada. Se não se fizer uma jogada dentro deste tempo perde-se o jogo. Ao empatar o jogo nas primeiras 10 jogadas nenhum dos jogadores irá ganhar pontos. |
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