Curiosidades... e coleccionismo

27/4/2020

por António Mendes Curado, Coimbra, 2008-08-09

     Estes selos da República da África do Sul, emitidos em 1960 e 1961 com valores diferentes depois de ser adoptado o sistema decimal, nada tem a ver com o jogo do xadrez. No entanto, as figuras representadas são parecidas com: Tarrasch, Blackburne, Smyslov, Botvinnik, Capablanca, e Leonard Barden. As figuras retratadas são antigos primeiros-ministros da Africa do Sul e o último do lado direito é Hendrik Verwoerd.
     Vem isto a propósito de ter visto numa exposição de selos de xadrez, já lá vão uns anos, onde foi incluído um selo sobre determinada personagem famosa com o seguinte comentário: "– personagem famosa que não sabia jogar xadrez."

    Mas personagem deste selo da Mongólia, sabia e foi uma das melhores…

Este selo da Mongólia, de 1986, dedicada ao Campeão do Mundo de Xadrez, reproduz a imagem do 4º Campeão - Alexandre Alekhine, e a posição de uma partida sua, jogada em Baden Baden em 1925 contra Richard Reti, ( 28-05-1889, 06-06-1929). O selo tem um erro ( lance 40... Cd4), o peão que se encontra em h7 deve estar em f7.
Reti, jogador austro-húngaro nascido em Pezinok e mais tarde de nacionalidade Checoslováquia, morreu em Praga, de escarlatina. Ligado ao seu nome, a Abertura Reti ainda hoje é famosa 1. Cf3 d5 2. c4

Kasparov considera esta partida um verdadeiro diamante, mesmo uma das mais brilhantes da história do xadrez e que conquistou o coração de milhões.
Alekine considerou esta partida uma das melhores da sua carreira. Por curiosidade não recebeu qualquer prémio de beleza, porque nesse torneio não havia prémio de beleza.

Notas:
1 - Informações retiradas do livro de Garry Kasparov, Os Meus Grandes Predecessores, volume I, Editora SOLIS, SP Brasil, versão em português, 2004. ISBN 85-98628-01-08

7 Comments

Cossoul

27/4/2020 17:33:34

Confessamo-nos estarrecidas e mortificados com a oportunidade escolhida pela Associação de Xadrez de Lisboa (doravante designada por AXLisboa): não poderia ser pior.

Esta publicação datada de hoje, 27 de abril de 2020, representa uma total falta de sentido de Estado, uma perfeita irresponsabilidade e configura a prática de crime na moldura penal do Direito Internacional e do Direito Português; porquanto a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial é um Instrumento jurídico de aplicação do Direito, em Portugal.

A AXLisboa ao estabelecer, em análise publicada, uma analogia, voluntária e relativa à emissão de selos de 1960 a 1961, aliando SEIS notáveis pensadores e jogadores de Xadrez de craveira mundial a seis primeiro-ministros brancos caucasianos, responsáveis por crimes de Apartheid, crimes de genocídio, crimes de lanicídio, de tortura e de homicídio, e de tantos outros atos inumanos profusamente praticados, colabora com a a estratégia de revisionismo histórico dos fascistas, promove a falsificação da História do Xadrez e da História da República da África do Sul, e não observa, de todo, antes rejeita, ataca e viola a conceção mundial e internacional emanada pela Organização das Nações Unidas desde a Resolução n.º 3068, aplicável internacionalmente desde 18 de Julho de 1976.

Neste ensejo, exortamos todas e todos as(os) xadrezistas e as cidadãs e os cidadãos portugueses a denunciar, com tantas queixas crime quantas as necessárias, este ato de provocação praticado, da responsabilidade dos órgãos sociais da Associação de Xadrez de Lisboa, aos organismos do Ministério Público competentes para o efeito.

Apelamos, ainda, a que os órgãos sociais da AXLisboa apresentem um pedido de desculpas formal, responsável e dignificante a todas e a todos os xadrezistas e, bem assim, à representação diplomática da República da África do Sul e ainda uma mensagem de repúdio total e absoluto do Apartheid aos Órgãos de Soberania de Portugal; finalmente, apelamos a que retirem tamanha ignomínia hoje publicada na página web à Vossa tutela.

Retratem-se!
Pousem a caneta e pensem melhor antes de fazerem uma jogada, na Vossa vez!

Alexandre Monteiro

27/4/2020 23:37:22

Não sou dirigente, jogador, filiado ou sequer morador na área de abrangência da AXL. Seria, portanto, mais fácil, mais simples, e mais confortável para mim calar-me para não me chatear com isto e deixar morrer o assunto.

No entanto não posso me calar perante este comentário violento, imbecil, vergonhoso, repugnante e a beirar a psicopatia.

De tão absurdo, pareceu-me inicialmente que o comentário vinha de um dos muitos trolls que abundam na Internet, que em busca de gozo fácil, gostam de tumultuar e instigar o ódio em qualquer tipo fórum, independentemente do assunto tratado, para assim, satisfazerem os seus instintos mais primários. E se calhar é mesmo disso que se trata. Aliás os fóruns de xadrez em Portugal têm longa tradição nesses sentido.

O artigo em causa nada tem de político ou de ideológico e só uma mente doentia pode ali ver alguma defesa do racismo, do apartheid ou dos personagens que constam nos selos. É uma simples curiosidade sobre Xadrez e filatelia que qualquer pessoa equilibrada percebe naturalmente e chega até ser ridículo ser necessário o afirmar.

Mas sendo uma simples gozação, ou efetivamente um delírio psicótico de quem o escreveu, o certo é que o “comentário” atinge uma das mais respeitadas, queridas e importantes figuras do Xadrez nacional, o Mestre, António Mendes Curado.

O Curado para além de ser um exemplo de correção como jogador, também sempre o foi como professor (responsável pela formação xadrezística inicial de centenas de crianças na região centro do país) como grande colecionador e filatelista especializado em Xadrez, detentor de um dos maiores espólios do país dedicados à arte de Caissa e como um dos maiores especialistas na História do Xadrez em Portugal.

Mas acima de tudo, o António Curado é um Homem Bom!

Considerado e admirado por todos aqueles que o conhecem, sempre pronto a partilhar o seu conhecimento, a sua cultura e a sua enorme alegria de viver, o Curado é uma das poucas figuras quase consensuais neste minúsculo e, por vezes, tão azedo meio que é o Xadrez português.

Não é portanto admissível que um fanático qualquer, venha, em nome individual ou de uma qualquer coletividade, espalhar o seu ódio, azedume, moralismo, e ignorância, disfarçada de militância “anti-racista”, ou “anti-fascista” para espiar o seu ranço totalitário ou o seu desequilíbrio cognitivo.

Não conheço os dirigentes da AXL mas espero que tomem uma atitude firme e decente e não alimentem nos seus espaços este tipo de delírios e ameaças, ainda mais quando dirigidas a alguém que aceitou colaborar desinteressadamente na sua página e que não merece e não tem que ser alvo deste tipo de idiotices panfletárias.

Tiago Galvão Lucas

28/4/2020 00:54:14

Ainda bem que contive em responder imediatamente para ter o prazer de ver uma defesa tão bem feita. Convém dizer que este comentário de uma pessoa que não se identifica e se esconde por trás de uma associação, enquanto fala em nome próprio, fez o comentário através do facebook, essa tragédia que cria tantos justiceiros e tão pouco diálogo. Foi quando me apercebi disso que resolvi apagá-lo. Não quero tornar isso em assunto de conversa, mas acho mesmo que as pessoas, pela facilidade com que acedem a um discurso em forma de texto com a simultaneidade de estarem escondidas por detrás de um monitor, dão azo a estas grandes ofensas, que não são devidamente repreendidas como o seriam se o fizessem na presença da pessoa. Aliás, elas próprias se refreariam. É um mal dos tempos. É sei lá o quê. Sei que de humano tem pouco.

João Rafael link

28/4/2020 02:47:51

Conheço muito bem o António Curado e a resposta do Alexandre Monteiro a uns "COSSOUL", que bem escrevem, está perfeita. Assumam-se e digam o que vos trás a estes comentários de "Grandeza Politica". João Rafael Presidente do Centro Norton de Matos, filiado na Federação.

Alexandre Monteiro

28/4/2020 11:04:39

Meus Caros,

A arrogância e a má-fé tem destas coisas.

Somente uma pessoa mal intencionada ou desequilibrada é que vê numa coisa óbvia, que é a evidente semelhança física entre os sul-africanos do selo com os grandes jogadores citados, uma analogia ou apologia ao racismo.

Desconfio, aliás, que o anónimo autor nem sequer sabe quem foram Botvinik, Blackburn ou Tarrasch, mas ainda assim acha-se, no alto da sua ignorância, no direito de insultar e ameaçar os outros, para assim dar vazão aos seus fantasmas e frustrações pessoais.

Arlindo Rodrigues Vieira

28/4/2020 15:24:16

O que li de um tal Cossoul, nem sequer é inacreditável É...Nada que só pode ser tudo de uma personalidade.

“There is no passion to be found playing small - in settling for a life that is less than the one you are capable of living.” Mandela.

Há neste individuo que ataca o Curado uma incapacidade de viver (no mínimo emocional) que transpira neste post e nem é preciso Psicanálise breve ou longa para o perceber.

O que ele precisava, precisa? No mínimo o nosso sorriso xadrezista vaporoso e desprezível. Ou…se fossemos a comunidade xadrezista que sempre sonhei, juntávamos-nos e levávamos este ser/coisa ao sítio certo da justiça por atentado á dignidade e ao bom nome de uma pessoa como o Curado.

Ligar a um individuo destes ? Língua “de colar selos” e não os coleccionar! È verdade uma coisa: são pessoas assim tão radicais, tão ufanos da sua própria verdade esquizóide e paranóica, sim, esses sim, perigosos para uma democracia e correspondente liberdade de expressão! Conheci-os às dezenas no Fórum da Luso Xadrez, ó se conheci!

Talvez o grande filósofo tivesse razão em relação a determinadas pessoas na Grécia clássica como agora a poderemos ter no que diz respeito a determinada “gunice-trolha”, mesmo bem “escarrevente” e “parlapiante” que pulula nas redes sociais ou outras : “da estupidez até os deuses têm medo”!
O Curado nem precisa da minha solidariedade: é um Homem! Outros entretanto...duvido.

Ricardo

30/4/2020 11:01:10

Não deixa de haver uma certa ironia, não fosse a tristeza do assunto, que, num artigo onde se conta a estória de alguém que procura incessantemente xadrez em selos e que julga que os encontra quando na verdade não, alguém que anda à procura de fascistas faça um comentário onde diz que acha que os encontra quando na verdade não...

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